E o lançamento do ano é... Arte no ocidente do século 15 ao 19

Diego Velázquez, Los borrachos, 1626-8. Óleo s/ tela, 165 x 225 cm. Madri, Museo del Prado

Mais um sonho realizado: acabo de lançar a versão online do curso Arte no ocidente: Século 15 ao 19.

Esse curso é meu xodó. Comecei minha carreira como professora empreendendo. Em 1995, voltando do estágio doutoral na Paris IV, trouxe na mala centenas de diapositivos que comprei em museus em vários países. Naquele tempo, imagem digital era algo tão raro quanto ruim. O cromo é imbatível. Se você tiver um projetor com uma boa lente e uma tela legal, é imagem de cinema. Foi com esse material que eu aluguei uma sala, imprimi e distribuí folhetos e consegui meus primeiros alunos.

Nos primeiros dois anos, dei aula em três espaços diferentes por não encontrar um local que tivesse a estrutura que eu achava adequada para receber as pessoas. Isso aconteceu em 1997, com o convite do MASP para integrar o time de professores da escola que o museu pretendia criar a partir do modelo da centenária École du Louvre. Esse trabalho mudou o rumo da minha carreira. Do MASP fui para a Faap, onde havia uma grade curricular a seguir. Depois, em 2001, fui convidada a dar aulas no MAM, onde lecionei os conteúdos que me interessavam até 2021. Arte no ocidente: Século 15 ao 19 virou um hit. Virou matéria de jornal e de TV. Perdi as contas de quantas vezes ministrei esse curso no MAM.

Muito do meu carinho se deve ao conteúdo. Em dez anos de intensa pesquisa no departamento de Filosofia da USP e nas universidades de Paris I e IV, mergulhei na literatura artística produzida entre os séculos 15 e 18. Acabei me especializando na arte francesa do século 18, quando a crítica de arte se tornou um gênero literário, e posteriormente na obra de Nicolas Poussin, artista francês que viveu na Itália do século 17, onde contribuiu para a formação de um novo gênero de pintura, a paisagem.

Arte no Ocidente me possibilitou ensinar história da arte a partir de fontes primárias, algo que pouquíssimas pessoas fazem no Brasil e no mundo. Isso significa uma abordagem da arte muito mais rica e instigante, que envolve métodos e conceitos filosóficos na construção dos contextos onde as obras são executadas e recebidas. Nenhum manual analisa arte dessa maneira. Aliás, manual não analisa nada.

Mais do que os meus outros cursos, este me formou como professora. Com ele aprendi a ensinar. São 28 anos ensinando Arte no Ocidente. Por mim, podem vir outros 28. Nunca contei quantos alunos e alunas fizeram esse curso, mas deve ser um número de quatro dígitos. A minha maior alegria é que agora ele é acessível a um número de pessoas ainda maior, já que o formato online permite assistir às aulas em qualquer lugar e a qualquer hora e por um custo menor. É muito bom ampliar o acesso ao conhecimento. Um dia vou fazer isso em larga escala, prometo.